Desde o século XVIII, com o advento do chamado "século das luzes" e, posteriormente, com o desenvolvimento do positivismo no século XIX, a ideia de conhecimento passou por um processo gradativo de transição, no qual o papel do imaginário foi sendo paulatinamente substituído pela explicação racional e sistemática do mundo. Tal processo fundamentou o desenvolvimento da ciência moderna e consolidou a supremacia da filosofia positivista em detrimento ao discurso poético, ao espaço do imaginário e daquilo que não se pode expressar por meio da razão numérica, linguística e racional. Tal influência constituiu o imaginário religioso como tal; com seus dogmas, definições e estrutura hierárquica bem definida. O objetivo deste breve ensaio reside em mostrar, a partir de um fragmento da obra O poeta, o guerreiro, o profeta (1992), o espaço que a linguagem poética possui em uma realidade cujo excesso de luminosidade racional tende a diminuir cada vez mais o espaço silencioso da produção artística. A partir da ideia de luz e sombra presente na poesia de Cecília Meireles, pretende-se fazer um paralelo de como a linguagem poética se relaciona com o pós-teísmo. Ou seja, sob a ótica de uma escrita que explora as zonas não iluminadas da consciência humana, abre-se uma nova relação com o divino por meio do fazer poético.
Comissão Organizadora
EDITORA PHILLOS ACADEMY
Comissão Científica